segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Vervoort, heroína para sempre vs. Procura-se Licenciado para explorar



A HEROÍNA - Marieke Vervoort, Atleta Paraolímpica


A história desta atleta paraolímpica belga, Marieke Vervoort, de 37 anos, é mais do que inacreditável: não se resume apenas ao ganho de medalhas olímpicas mas sim à prova viva de luta perante a adversidade - entende-se doença terminal - anuncia, antes de participar nos (mais uma participação) Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro de 2016, que irá terminar com a sua vida através da eutanásia devido ao sofrimento que a doença causa na sua vida, ganhando ou não uma medalha (mais uma) nos jogos.

Fica o relato, de uma pessoa enorme, retrato de uma luta desigual diária contra uma doença.
Os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro serão os seus últimos.


"A atleta sofre há vários de uma doença degenerativa incurável - diagnosticada em 2008 - mas que já a atormenta desde longe.
Junta-se a uma inflamação grave no pé aos 14 anos, assim como ter depender de uma cadeira de rodas aos 20 e hoje sofrer com metade do corpo imobilizado, a visão reduzida a 20% ter sores insuportáveis - que lhe fazem passar noites em branco devido ás dores insuportáveis - e lhe tiram a alegria de viver."


"Marieke Vervoort, tem na sua posse um documento "libertador", assinado por si, que autoriza que um médico a aplicar-lhe uma injecção letal uando decidir acabar com a sua vida.
A Bélgica refira-se, é um dos países com as leis mais permissivas no que toca ao assunto Eutanásia (legal desde 2002).
Mesmo assim não foi fácil "validar o proceddo": teve de convencer 3 médicos sobre a sua decisão e provar que não padecia de uma situação em que a sua sanidade mental estaria afectada após tomar esta decisão."


"Vervoort só sorri quando treina e compete."


(Palavras da própria atleta): "O Rio de Janeiro é o meu último desejo. 
Espero acabar a minha carreira com um lugar no pódio."






"Consiga ou não, Marieke já conquistou um lugar na história do desporto. E no coração de todos."


in jornal"i", Agosto 2016







O VILÃO - "Licenciados Procuram-se" para serem explorados


"Os estágios são terreno onde se cometem todo o tipo de abusos. O Governo prepara novas regras para se evitar que as empresas se alimentem deste exército de estagiários, que ocupam postos de trabalho sem receber salário ou por muito pouco dinheiro.
É o lado negro de uma indústria que já custou 840 milhões ao Estado."


Existem determinados estágios em que pedem ao candidato que tenha experiência, carta de condução e viatura própria. Ou seja o colaborador tem de desempenhar a sua função profissional como seu carro, e por vezes os ganhos não compensam os gastos.


"Apenas 16% dos estagiários fica na empresa depois de terminar o estágio (...) destes apena 1/3 vai para o quadro, ou seja, assina um contrato sem termo."


"Há empresas viciadas nestes apoios: mal sai um estagiário entra outro."

"Não são só os estágios do IEFP, também os curriculares: obrigatórios para um estudante terminar a sua licenciatura, e que a lei permite que não sejam remunerados, são os exigidos pelas ordens proficcionais, que chegam a ter 18 meses de duração - também estes tantas vezes sem retribuição."


"Há empresas a cometer crime de extorsão: depois de pagarem aos estagiários obrigam-nos a devolverem-lhes - em dinheiro, para não deixar rasto - os 35% da bolsa que cabia á empresa pagar e até mesmo os 23,75% da Taxa Social Única."


"No estágio são colocados a fazer um trabalho com as mesmas responsabilidades do que qualquer outro trabalhador da empresa (...) a maior parte das denúncia são de estagiários a ocupar postos de trabalho permanentes, sem nenhum mentor que os ajude na formação."


"O estagiário não tem mecanismos de protecção, Se este falha, a empresa está protegida, pode despedi-lo e renovar com outro estagiário. Mas se a empresa falha o estagiário não pode fazer nada. Mesmo para os sindicatos os estagiários não sao trabalhadores."


"Por vezes são as próprias universidades - e as ordens profissionais - a "promover" estágios não remunerados, divulgando-os.
Depois há os estágios curriculares (entre 3 a 6 meses) e os obrigatórios exigidos por algumas ordens profissionais para o acesso á profissão:

Advocacia

  • Frequência de estágio profissional durante 18 meses, onde a remuneração fica ao critério de cada entidade
  • Os estagiários tem de se inscrever na ordem e pagar 1.500 euros;
  • A inscrição definitiva custa 300 euros;
  • Tem de subscrever um seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil;

Arquitectos
  • São 200 euros de inscrição;
  • Estágio obrigatório de 12 meses remunerado (nem todos o são);
  • Inscrição definitiva: 95 euros;

Economistas
  • Não exige estágio a quem conclui Mestrado;
  • Estágio de 12 Meses a quem conclui licenciatura e pós graduação;
  • Acesso á ordem como estagiário: 32,50 euros

Enfermagem
- Em 2008, quando terminei o curso de Enfermagem, tive de me deslocar a Coimbra de propósito (sou de Castelo Branco) para fazer a inscrição definitiva na ordem - fazendo o pagamento de 100 euros na hora - mais uma quota mensal de petencer á ordem de 7,5 euros.
Neste momento já deve ultrapassar á vontade a mensalidade de 10 euros, uma vez que aumentava 50 cêntimos todos os anos;





LÁ FORA

EUA


"O debate sobre os estágios não remunerados chegou á campanha para as presidenciais norte-americanas e a candidata Hillary Clinton seduziu muitos jovens aos manifestar-se contra esta prática.


Reino Unido

Os trabalhadores tem de receber pelo menos o equivalente ao salário mínimo, Uma boa parte das empresas limita-se apenas a pagar aos estagiários as despesas de alimentação e transportes.


França

É celebrado um contrato de aprendizagem com a empresa.
Os estagiários devem ter entre 16 e 25 anos.


Espanha

Cada Universidade tem o seu plano de estágios.
Muitas das universidades espanholas têm acordos com as empresas onde garantem a frequência dos estágios sem remuneração.







Miguel Cabrita, Secretário de Estado do Emprego


Confrontado com a situação, o Secretário de Estado responde:


"Os abusos são casos minoritários."

"Até agora temos 7 casos."




in revista "Visão", Outubro 2016

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